Por Silvia Bleichmar
"... Podemos dizer aos meninos que têm que ir para a escola porque assim eles ganharão a vida. Dizer a um ser humano que tem que estudar porque ele está trabalhando para ter trabalho é contraditório em dar um sentido à vida. Porque o que lhe estamos a dizer é que a sua vida só vale para ser conservada em si mesma, e não para produzir algo diferente. Se a um ser humano lhe dissermos que a única coisa que importa de tudo o que ele está fazendo agora é preparar-se para continuar vivendo, estamos falando com um escravo e não com um ser humano. Os seres humanos têm que sentir que o que fazem faz algum sentido que excede a autoconservação. ၢ se pode colocar a um ser humano que o sentido da sua vida está em ganhar a subsistência, pois isso não é o sentido de nenhuma vida. Temos de acabar com esta ideia que colocamos aos meninos de que o único sentido de conservar a sua vida é para que trabalhem e sobrevivam: o sentido de conservar a sua vida é para produzir um país diferente onde os sonhos possam recuperar os sonhos. E a escola é um local de recuperação de sonhos, não apenas auto-conservação."
Silvia Bleichmar. Violência social - violência escolar. Da colocação de limites para a construção de legalidades. "Subjetividade em risco : Ferramentas de resgate" P. 132. Noveduc, 2012